“SISTEMATIZAÇÃO É O CAMINHO PARA O RECONHECIMENTO DO ENFERMEIRO”
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“Desde 1970, a enfermagem do país discute a Sistematização da Assistência de Enfermagem. Então, por quê, no ano 2009, ainda não conseguimos a plena implantação em todas as instituições de saúde?”. A pergunta foi lançada pela enfermeira Maria Alex Sandra Leocádio, mestre em saúde, sociedade e endemias, durante a mesa-redonda “Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE): considerações e importância no cenário atual”, presidida por Mirela Bertoli passador, gerente de fiscalização do COREN-SP.
A mesa-redonda, que contou também com a participação da enfermeira e membro da câmara técnica de atenção à saúde do COFEN, Fátima Sampaio, é parte da programação 12º CBCENF e trouxe ao debate o fato de a prática de muitos enfermeiros não ser totalmente científica, mas quase que exclusivamente empírica. “A enfermagem precisa se reconhecer e ser reconhecida de forma científica no seu fazer profissional. E a assistência científica só existe por meio da SAE”, alertou Fátima Sampaio.
Maria Alex Sandra enumerou uma série de fatores que dificultam a implantação plena da SAE no Brasil, como a falta de apoio da instituição, a falta de recursos humanos e a ausência de manuais e rotinas para racionalizar o cuidado. Mas, apesar das dificuldades, Alex Sandra defende a possibilidade destas serem superadas, através de soluções, como parcerias com a educação permanente da instituição - para atualizar e capacitar continuamente a equipe -, e a sensibilização, o envolvimento de toda a equipe para o conhecimento da importância da SAE. “O enfermeiro não pode abrir mão da SAE, que é, hoje, o único caminho para o reconhecimento profissional e social do enfermeiro”.
“Enfermeiros-bombeiros”
Outros problemas levantados durante o debate se referiram à postura de “bombeiros”, adotada por muitos enfermeiros, que trabalham apenas “apagando incêndios”. Mais uma vez, Fátima alertou os participantes do evento: “A assistência de enfermagem não é emergencial. Ela deve ser pensada de forma sistematizada, colocando o conhecimento científico em nossas ações”. Outra anomalia identificada pelas componentes da mesa-redonda é o fato de muitos enfermeiros basearem-se no diagnóstico médico para planejarem a assistência de enfermagem, esquecendo-se de que o diagnóstico médico define o tratamento farmacológico, mas que, sem um diagnóstico de enfermagem, não há como prescrever a assistência de enfermagem.
Ao final da atividade, os componentes da mesa e participantes concluíram que, sendo a SAE a única atividade exclusiva do enfermeiro, que não pode ser compartilhada com nenhum outro profissional, o fato de deixar de fazer a SAE é deixar de ser enfermeiro. É tornar-se apenas mais um profissional da equipe de saúde.